Encontro dos Beneficiários do Projeto Social Nova Morada

Na última quinta-feira, respondendo a convite do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Major Vieira, o Médico Veterinário do município participou do Encontro dos Beneficiários do Projeto Social Nova Morada fazendo uma breve conversação sobre mastite, uma das principais causas de perdas na bovinocultura leiteira.

 

SOBRE MASTITE

Mastite é uma inflamação da glândula mamária, geralmente causada pela infecção por diversos tipos de microrganismos, sendo as bactérias os principais agentes. É a doença mais importante dos rebanhos leiteiros em todo o mundo devido à alta incidência de casos clínicos, alta incidência de infecções não perceptíveis a olho nú (infecções subclínicas) e aos prejuízos econômicos que acarreta.

Uma vez que um microrganismo tenha se instalado na glândula mamária, ele se nutre dos componentes do leite e se multiplica, atingindo números muito elevados. Nesse processo, são produzidas toxinas ou outras substâncias que causam danos ao tecido mamário. Essas substâncias atraem leucócitos (células somáticas) do sangue para o leite, a fim de destruir os microrganismos invasores.

Como resultado da inflamação, as paredes dos vasos sangüíneos se tornam dilatadas e outras substâncias do sangue também passam para o leite. Entre essas estão íons de cloro e sódio, que deixam o leite com sabor salgado, e enzimas que causam alterações na proteína e na gordura. Devido às lesões do tecido mamário, as células secretoras se tornam menos eficientes, isto é, com menor capacidade de produzir e secretar leite. Ocorre também a morte das células e a liberação de enzimas dentro da glândula, que contribuem para agravar o processo inflamatório. Tudo isso prejudica a qualidade do leite e causa redução na produção.

PERDAS ECONÔMICAS

As perdas econômicas que ocorrem na mastite são devidas à redução na produção, ao descarte de leite e de animais, aos gastos com medicamentos, com serviços veterinários e com o aumento de mão-de-obra e, em alguns casos, à morte do animal.

A redução na produção de leite é considerada o fator individual mais importante das perdas econômicas da mastite. Estudos realizados no Brasil mostraram que quartos mamários com mastite subclínica produziram em média 25 a 42% menos leite do que quartos mamários normais. Nos Estados Unidos, estima-se que o custo por vaca/ano devido à mastite seja de aproximadamente US$ 185, o que corresponde a um custo anual de US$1,8 bilhão. Esse valor corresponde a aproximadamente 10% do total de leite vendido pelos produtores. Deste, cerca de dois terços corresponde à redução na produção de leite devido à mastite subclínica.

AGENTES DA MASTITE

A mastite bovina pode ser causada por uma grande variedade de agentes, incluindo bactérias, micoplasmas, leveduras, fungos e algas. Embora mais de 137 espécies, subespécies e sorotipos de microrganismos já tenham sido isolados de infecções da glândula mamária bovina, a maioria das infecções é causada por bactérias. Apesar da heterogeneidade dos agentes que causam mastite, o primeiro passo para o início do processo infeccioso é a contaminação da extremidade da teta de uma glândula susceptível. Nas doenças sistêmicas, como leptospirose, brucelose, salmonelose, febre aftosa, tuberculose e carbúnculo hemático, o agente infeccioso pode ser eliminado pelo úbere. Nesses casos, com exceção da tuberculose, nem sempre existe evidência de comprometimento do úbere com presença de mastite.

Um conceito importante no diagnóstico e controle da mastite é que os patógenos mais comumente encontrados podem ser classificados em dois grupos: contagiosos e ambientais. Os microrganismos contagiosos são aqueles cujas principais fontes de infecção para o rebanho são o úbere ou canal da teta infectados, ou lesões nas tetas infectadas. A disseminação desses agentes se dá de um quarto infectado a outro ou de uma vaca para outra durante o processo de ordenha. Os microrganismos ambientais estão normalmente disseminados no solo, utensílios, dejetos, água ou outros locais e podem atingir a extremidade da teta a partir daí. Essa diferenciação entre os microrganismos causadores de mastite é de importância prática, porque medidas de controle diferenciadas são necessárias para cada um desses grupos.

CALIFÓRNIA MASTITE TESTE (CMT)

O CMT (Califórnia Mastite Teste) é um teste muito empregado para identificar vacas com mastite subclínica na fazenda. Necessita de uma raquete contendo quatro cavidades e o reagente do CMT.

Mistura-se o leite com o reagente, homogeneíza-se e faz-se a leitura após 10 segundos. De acordo com a quantidade de células somáticas do leite, forma-se um gel, de espessura variada. Se a quantidade de células somáticas é baixa, não forma gel, o resultado é negativo. De acordo com a espessura do gel, o resultado é dado em escores, que variam de traços (leve formação de gel) a + (fracamente positivo), ++ (reação positiva) e +++ (reação fortemente positiva).